Através da prece, obtemos o concurso dos bons espíritos

A fé remove as montanhas da incredulidade e da má vontade onde quer que se manifeste. Relembro a lição de fé da mãe de um reeducando do Complexo Prisional em Aparecida de Goiânia. Sincera em sua fé nos princípios da religião evangélica, realizava mais uma visita ao filho na penitenciária, encontrando-o em estado lastimável, em decorrência do envolvimento em uma briga dentro da penitenciária (antigo Cepaigo). Todo machucado, costelas partidas e escoriações pelo corpo todo, encontrava-se na enfermaria, sem cuidados médicos ou pelo menos de um enfermeiro que aplicasse os primeiros socorros. Dentro da enfermaria, na presença dos demais enfermos, sem outro recurso para pensar as feridas do filho, ela colheu no pátio interno algumas folhas de mastruz (erva Santa Maria), preparou um unguento com as folhas, envolvendo-o em tecido que retirou da própria anágua (peça íntima) e utilizou como bandagem para proteger os ferimentos. Limpando e protegendo os ferimentos com o tecido improvisado, aquela mãezinha não perguntou quem tinha causado os ferimentos ou quais os responsáveis por tamanha violência, mas perguntou ao seu filho se naquela manhã ele tinha se lembrado de orar e pedir a Deus a sua proteção. Sincero com a sua mãe, o filho admitiu que não passara por sua cabeça nenhum pensamento neste sentido. Convidou então todos os presentes, iniciando um lindo louvor a Deus, pedindo a proteção para o seu filho. A enfermaria da penitenciária foi tocada de emoção e júbilo com o gesto inusitado daquela mãe. Lágrimas correram nas faces de vários dos presentes. O filho emocionado abraçou a sua mãe, afirmando que jamais esqueceria aquele gesto e guardaria o pedaço de tecido que ela havia rasgado da peça íntima como uma relíquia inestimável.Aprendemos no Evangelho Segundo o Espiritismo que o homem obtém, pela prece, o concurso dos bons espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs. Adquire, desse modo, a força moral necessária para vencer as dificuldades e volver ao caminho reto, se deste se afastou. A ação da prece, visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos espíritos bons, granjear deles força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, o que os bons espíritos fazem não é afastar de nós o mal, porém, desviar-nos dos maus pensamentos que nos podem causar danos; eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis da natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio.Caso tivesse buscado ajuda do Alto através da prece conforme a orientação materna, o reeducando seria inspirado a mudar a direção dos pensamentos, estabelecendo uma sintonia benéfica. Revigorado assim por novas e salutares disposições, algo ocorreria no sentido de abrandar ou até mesmo desviar a ação perniciosa em que se envolveu. Podemos e devemos guardar a paz e a confiança no poder superior em todas as circunstâncias, orando e vigiando para não cairmos em tentação conforme os ensinamentos do nosso Mestre Jesus. Estabelecemos sintonia com o Alto através das vibrações sadias e com a sincera disposição de servir ao bem. Atraímos para o nosso campo mental, em consonância com a lei de Ação e Reação, as almas afins. Os bons pensamentos atraem os bons espíritos e os maus pensamentos atraem espíritos maus.Em tudo que nos propomos realizar, ao iniciarmos e ao findarmos uma jornada, quando saímos para uma simples visita fraterna, quando adentramos ao veículo de transporte para realizar um pequeno trajeto que seja, enfim, em todas as circunstâncias, remontemos a Deus nossos pensamentos, entregando-nos em suas mãos e rogando a proteção dos benfeitores espirituais. Quantas situações delicadas e fatos rotineiros acontecem em nossas vidas, no trânsito, em casa ou no trabalho, propiciando situações tensas, requerendo a presença dos amigos espirituais, sempre a postos, mas que esperam o mínimo de nossa parte, abrindo-lhes as comportas do coração para que possam nos ajudar.
Francisco de Assis Alencar é coronel PM RRG 4.644 PM/GO