Cidadania e Justiça

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tabagismo / Motivação - João Baptista de Sousa Jr

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta seja fumante. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos, a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar. No Brasil, estima-se que cerca de 200.000 mortes/ano são decorrentes do tabagismo (Opas, 2002).
Pesquisas mostram que, apesar da maioria dos fumantes desejarem parar de fumar, a cada ano, apenas cerca de 3% conseguem parar definitivamente, o que aponta para o grande potencial que a abordagem rotineira do fumante pelos profissionais de saúde pode oferecer para reduzir a prevalência de fumantes (Cinciprini, 1997).
Uma das prováveis causas da baixa porcentagem de fumantes que consegue parar de fumar é que as informações sob re como aconselhar e apoiar o paciente e sobre os métodos para deixar de fumar, por serem relativamente recentes, ainda não são amplamente conhecidas pela maioria dos profissionais de saúde.
O aumento da procura por apoio para deixar de fumar tem impulsionado o interesse de profissionais de saúde para atender tal demanda.
Tendo em vista a dificuldade em cessar o vício, fizemos um questionário sobre a causa que fez o paciente cessar o tabagismo, na busca de dados para ajudar a solucionar a problemática.
Os alunos do curso de pós-graduação em Ciências da Saúde, da disciplina Tabagismo, da Universidade Federal de Goiás, realizaram uma pesquisa na comunidade da região leste de Goiânia formulando o questionário a seguir.
Foram avaliados 67 pacientes, divididos em dois grupos, A e B. O grupo A formado por tabagistas ativos com 31 pessoas, sendo 15 homens e 16 mulheres com idade entre 16 e 75 anos. O grupo B, formado por ex-tabagistas, com 36 pessoas, sendo 16 homens e 20 mulheres, com idade entre 29 e 68 anos. Três perguntas foram aplicadas aos dois grupos, na tentativa de conhecer por qual dos motivos você pararia (grupo A) ou parou (grupo B) de fumar? 1) Por benefício à sua saúde? 2) Por causa das fotos expostas nas carteiras de cigarros? 3) Por nenhum desses motivos, ou seja, por outros motivos?
No grupo A (fumantes ativos), 22 deles responderam que o motivo para parar de fumar seria por benefício à sua saúde, só duas pessoas parariam por causa das fotos expostas nos cigarros e sete delas não parariam por nenhum dos motivos.
No grupo B (ex-fumantes), 24 deles declararam ter parado de fumar por outros motivos (filhos, religião, pessoa amada, vida social e outros), 11 pessoas pararam por que estavam prejudicando sua saúde. Só uma delas parou por causa das fotos dos cigarros.
Ficou demonstrado que a motivação é uma boa aliada no tratamento do tabagismo, pois é nela que se encontra um conjunto de fatores, os quais se interagem determinando a conduta de uma pessoa. As pessoas, quando motivadas, despertam dentro de si o interesse de mudança, de busca de algo diferente para sua vida.
Concluímos que a maioria das pessoas que cessaram com o tabagismo foi pela força maior da motivação. Muitos buscaram em outra pessoa um estímulo a mais para sua qualidade de vida. Os tabagistas tem em mente a ideia de parar de fumar em benefício à sua saúde. Fica a hipótese de que há a vontade, porém falta a motivação. A ajuda dos profissionais de saúde pode em muito contribuir para a cessação definitiva do tabagismo, sendo necessário difundir amplamente os métodos para deixar de fumar, principalmente entre os profissionais de saúde.
João Baptista de Sousa Júnior é médico cardiologista

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