Cidadania e Justiça

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Mobilização pela vida

A partir do Sede de Viver, artigo da lavra do ilustre jornalista Batista Custódio convocando os goianos para “a formação de uma frente única contra as drogas” e sugerindo ao governador Alcides Rodrigues a inclusão no seu plano de metas de um Programa de Combate e Erradicação das Drogas em Goiás, senti-me convocado a contribuir com esta singela mobilização pela vida.

Dados publicados recentemente (Delegacia da Mulher) comprovam que nos casos de violência doméstica 70% dos agressores estão sob efeito de álcool e demais drogas. Esses dados revelam uma realidade social agravada pelas drogas, com repercussões na Segurança Pública, no Poder Judiciário, no Sistema Único de Saúde (SUS) e na Educação.

O crescente aumento de usuários de drogas, dentre estes o avanço do consumo de crack, inclusive pela classe média, produzindo danos à família e à saúde, além de potencializar a violência, contribui para o desemprego e a baixa produtividade da classe trabalhadora.

O serviço público de Saúde não está estruturado e nem oferece capacidade de atender a demanda crescente dos dependentes químicos que precisam de tratamento tanto ambulatorial como hospitalar. Goiânia conta apenas com um Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS-drogas, destinado a adultos, e um outro, o CAPS-girassol, para crianças e adolescentes, com tratamento apenas ambulatorial. O tratamento hospitalar é feito na rede conveniada, que não dispõe de leitos suficientes. Hoje, existe uma fila de espera de mais de 150 pessoas no Pronto-Socorro Psiquiátrico Vassily Chuc (SUS), conforme divulgado recentemente pela mídia. Situação esta que acarreta uma enorme dificuldade para as famílias que têm um ente querido envolvido com o uso indevido de substâncias psicoativas, considerando que uma das características do dependente químico é a negação da doença e a conseqüente dificuldade de adesão a um programa de tratamento.

Diante dessa realidade, faz-se urgente a mobilização da sociedade através dos segmentos organizados e do poder público. Com a droga campeando solta, ceifando preciosas vidas, está na hora de mobilização geral para fazer frente a essa onda de perversidade e insensatez. Está na hora de união de esforços de todos os conselhos municipais e estaduais de Saúde, de assistência social, de entorpecente, da criança e do adolescente e conselhos de segurança; participação dos órgãos públicos municipais, estaduais e federais – secretarias de Educação, Saúde e Segurança Pública; a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário, todos reunidos em um grande fórum pela vida. Ouvir também os integrantes dos grupos de auto-ajuda (Amor-Exigente, A.A., Grupo AJA com Jesus, C.E.R.E.A), as comunidades terapêuticas, as universidades, os representantes dos poderes legislativos estadual e municipal, os segmentos religiosos e as associações de bairros, formando uma coalizão para enfrentamento dos vários problemas decorrentes do abuso de drogas.

A mobilização de todas essas frentes com a finalidade de oportunizar o debate e a formulação de propostas que deverão ser encaminhadas ao poder público, e acompanhadas para que se tornem realidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e pela formação de uma cultura de paz em nossa sociedade.


Francisco de Assis Alencar
Coronel QOPM, presidente da Associação de Proteção e Assistência ao Reeducando – Apar – e membro do CCEP – Conselho Comunidade de Execução Penal. http://pmvida.blogspot.com/

Um comentário:

Geralda da Cunha Teixeira disse...

O artigo Mobilização pela vida vem somar aos esforços que o grupo Amor Exigente, através da Cadca está fazendo, no sentido de articular com organizações não-governamentais, com a Sociedade Civil e órgãos públicos que trabalham a prevenção e a repressão a todo tipo de droga, para criarmos uma grande coalizão ou Rede, como queiram, com o objetivo de diminuir, senão, acabar com o câncer das drogas, que extermina milhares de vidas Brasil à fora.
Parabéns! Geralda Ferraz - voluntária do Amor Exigente