Segundo domingo de agosto, um dia muito especial em nossas vidas. No sábado iniciamos nossas comemorações prestando uma singela homenagem aos pais encarcerados na Penitenciária Odenir Guimarães (P.O.G). Como acontece todos os segundos sábados de cada mês, dirigimo-nos à P.O.G. em Aparecida de Goiânia para um compromisso com a nossa consciência.
Integramos uma caravana de voluntários encabeçada pelo dirigente do Grupo Fraterno Espírita (Rua Capistabos, Qd- 33, Lote 110 - St. Sta. Genoveva - Goiânia-GO), um militar pertencente à reserva remunerada do Exército brasileiro. Carinhosamente tratado como chefe por todos os integrantes, na verdade ele ocupa atualmente o cargo de dirigente da instituição, que iniciou o trabalho de visitas ao presídio há mais de duas décadas. Como coordenador do grupo, ele faz questão de relembrar a cada visita o compromisso que trazemos de vidas passadas. Não estamos no grupo por acaso, algo nos impulsiona a buscarmos nas atividades de ajuda ao próximo um aprendizado contínuo no bem.
A nossa consciência endividada busca no presente as formas de amenizar as dores da alma acumuladas no passado, aproveitando as oportunidades para promovermos o bem através de escolhas mais assertivas. De tudo o que possamos conquistar, as melhorias morais, o consolo, o auxílio material, toda ajuda possível, entendemos que somos os maiores beneficiários.
Desde o início das visitas à penitenciária, assumi perante o Grupo Fraterno Espírita a função de escolher e preparar os temas para os estudos do evangelho a cada mês. Tenho procurado nortear as lições de moral cristã na direção das dúvidas persistentes, não só junto aos nossos irmãos “reeducandos”, mas onde quer que as oportunidades se façam. Dúvidas oriundas do preconceito religioso, da falta de luz e de conhecimento dos princípios evangélicos cristãos. Deparamos sempre com essas ideias: “Como encontrar justiça num mundo de tanta desigualdade?” Muitos se consideram perdidos e condenados, por acreditarem que não há como apagar as marcas impiedosas deixadas por uma vida de desatinos. Outros ainda, acreditam no milagre da salvação através da conversão religiosa.
Procuramos disseminar uma fé que fale à razão, que nos leve a entender a natureza humana, com os conflitos que todos carregamos. Adotamos a fé baseada no dinamismo da máxima cristã: “A fé sem as obras é morta.” A vida dentro desses princípios passa a ser como um banco de oportunidades. A todo instante somos alvos de abençoadas oportunidades, em tudo podemos e devemos interagir com os irmãos da caminhada.
A fé espírita difere da fé religiosa, porque baseia-se na busca do entendimento e do discernimento. A fé espírita busca a razão e, por isto, pode criticar e examinar o objeto da fé. A fé espírita é efeito e não causa. O indivíduo que a possui já experienciou no passado vivências, aprendizados etc.,. que hoje lhe transmitem toda uma certeza e confiança.Os frutos deste esforço contínuo, da nossa busca incessante pelo aprimoramento moral e espiritual nos estimulam a prosseguir. No intramuros da penitenciária acompanhamos testemunhos extraordinários de mudança de rumo. Eles não rejeitam a palavra esclarecedora, pelo contrário, procuram interagir com o grupo, direcionando-nos suas dúvidas. Tudo esclarecemos à luz. do evangelho.
A beneficência, principalmente em favor dos cansados e sobrecarregados, do mesmo modo que o auxílio ao pobre, o socorro ao estrangeiro, ao faminto, ao nu, ao enfermo e ao encarcerado, toda vez que o fizermos, a Deus estaremos fazendo.
Robert Dale Owen, escritor inglês, em sua obra intitulada Região em litígio - entre este mundo e o outro, esclarece-nos que: “A consciência é o delegado de Deus, dirigindo com justiça o coração do homem. É somente sob a sua direção que o homem terá uma vida satisfatória.” Essa a doutrina do Cristo... Em parte alguma dos seus ensinos ele disse que eram abençoados os que praticassem o bem para alcançarem o céu ou escapar do inferno. O temor não entra como móvel na sua doutrina. Sua sabedoria baseava-se no amor perfeito e o amor repele o temor. “Somente pelo bem, ao bem amemos; não por temor ao inferno ou à previdência, das venturas do céu seguir devemos os ditames da nossa consciência”, afirmou um poeta que exprimiu perfeitamente o pensamento cristão.Francisco de Assis Alencar é CEL PM R
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