As ações policiais comunitárias, sejam elas eficazes para os fins a que se propõem, qual o de não somente melhorar a imagem da instituição, mas efetivamente auxiliar a comunidade, com certeza apresentam resultados positivos. A Polícia Militar e o Bombeiro Militar de Goiás possuem uma extensa folha de ações voltadas para o bem-estar da comunidade, não somente em nosso Estado, mas onde quer que se faça necessário. Quando se trata de campanhas para angariar donativos e encaminhar às famílias desabrigadas, polícia e bombeiro Militar sempre se destacaram, seja a nível institucional ou com a participação voluntária de seus integrantes, numa demonstração de solidariedade e sensibilidade ante a dor do próximo. As ações voluntárias, recolhendo e distribuindo donativos, promovendo palestras educativas e colaborando com eventos comunitários são de grande valia e merecem todo o apoio das instituições.
O atual comandante da PM goiana, coronel Carlos Antonio Elias, tem feito uma verdadeira peregrinação nas várias regionais levando sua estratégia de comando, estimulando, orientando e buscando a adesão dos seus comandados. A interação com a comunidade será fruto de uma boa articulação, de um trabalho constante de conscientização da tropa. Os desafios estão postos, muitos resistem ao trabalho policial comunitário, seja por desconhecerem os seus efeitos ou por simples comodismo.
O soldado Raimundo Pereira Andrade, hoje sargento da Reserva Remunerada, é um exemplo a ser seguido pelas novas gerações de policiais. Como auxiliar do Destacamento Policial Militar (DPM) em Tupiratins, hoje Estado do Tocantins, desenvolveu um trabalho comunitário movido pela dedicação, pioneirismo, entusiasmo e a vontade de fazer algo de bom mesmo com escassos recursos disponíveis. No correr dos anos 72-73, o Destacamento de Tupiratins contava com apenas dois soldados. O soldado auxiliar resolveu, com o consentimento das autoridades municipais e principalmente com o apoio moral e financeiro dos pais dos alunos, criar o Pelotão de Polícia Mirim. As instruções dos garotos seguiam o ritual militar, constando de treinamentos de ordem unida, voz de comando, exercícios físicos, noções de civismo e cidadania, desfiles e até patrulhas com os alunos veteranos. Os materiais que requeriam auxílio financeiro, como a aquisição de uniformes, material esportivo, manuais escolares, para equipar o pelotão mirim, procediam de doações da própria comunidade. A população entendia e colaborava na medida das possibilidades de cada família.
Centena de jovens integraram a Polícia Mirim por todo o Estado de Goiás, transformando-se posteriormente em excelentes cidadãos, sendo que a grande maioria deles foi bem-sucedida profissionalmente. Durante minha vida profissional, acompanhei várias ações comunitárias em municípios goianos e em outros municípios que passaram a constituir o Estado do Tocantins. A Formação de Pelotões de Bombeiros Mirins, a criação de Grupo de Escoteiros e de Pelotões Mirins sob a orientação de um bom profissional, são opções concretas de prevenção e atenção à criança e aos jovens, pois influenciam positivamente a sua formação, preservando-os do envolvimento com as drogas e contribuindo para o amadurecimento do homem de bem.
As polícias mais bem-sucedidas em todo o mundo buscaram estabelecer parcerias com a comunidade. Concomitantemente com as ações de combate ao crime, buscaram também prestar ajuda para os problemas cotidianos da população, desde o problema com as tubulações de água e esgotos, iluminação e sinalização deficiente, questões que, de uma forma ou de outra, terminam afetando a segurança dos cidadãos. Se existe uma árvore prejudicando a iluminação em determinado local, ali poderá ocorrer um assalto. Ouvindo as queixas e prestando informações, o policial colabora com as orientações precisas na busca de soluções.
Polícia ideal é aquela que não teme estar ao lado do cidadão. A Segurança Pública em nossos tempos está a exigir uma participação mais efetiva de todos, estreitando parcerias com a comunidade. A difícil e espinhosa missão de lidar com a liberdade das pessoas requer um aprimoramento constante através de novas estratégias e atualização de procedimentos. A aproximação polícia e comunidade redunda em benefícios para todos. Somente assim a população terá mais confiança no trabalho dos policiais, passando a confiar e cooperar.
Francisco de Assis Alencar é Cel. PM R, RG 4.644 PM/GO (http://pmvida.blogspot.com)
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