Cidadania e Justiça

domingo, 15 de março de 2009

Policiamento comunitário e segurança pública

Para atingir os padrões exigidos, a fim de cumprir de maneira aceitável sua função social, uma polícia precisa programar medidas no sentido de fortalecer o profissionalismo no desenvolvimento de todas as atividades que lhe são afetas. Uma conceituação avançada de polícia sinaliza a direção correta para que possa exercer o seu papel dentro de uma concepção social, buscando soluções conjuntas com todos os segmentos da sociedade organizada na sua área de atuação. A ideia de segurança, a partir do comprometimento e participação de todos, com o respeito aos direitos humanos e com a promoção da cidadania, faz com que a polícia se aproxime mais da comunidade a que deve servir, estabelecendo uma parceria, onde as soluções são encontradas em um universo mais amplo, correspondente ao sistema de proteção social.
Uma abordagem moderna de Segurança Pública prioriza a Polícia Comunitária e os Conselhos de Segurança da Comunidade, onde o debate aberto será mais produtivo, ensejando medidas conjunturais de prevenção.
Programa de governo para a Segurança Pública que fez história em nossa Capital foi o do governador Henrique Santillo, através da instalação dos PPM (Postos Policiais Militares) anexos aos Núcleos de Apoio à Comunidade (NAC). Ao ser implementado sem nenhuma pompa, o programa do governo Santillo para a Segurança Pública baixou gradativamente a criminalidade em nossa Capital, chegando em algumas regiões a praticamente zero, isto devido à aproximação do trabalho policial com a comunidade. Para se ter uma ideia da presença ostensiva do policiamento (polícias Militar e Civil), por exemplo, somente na região sudoeste, onde trabalhei na implantação de alguns postos, existiam viaturas, telefones e aparelhos de radiocomunicação Na região sudoeste de Goiânia, foram implantados os seguintes postos policiais militares: – Vila Mauá, Jardim Ana Lúcia, Setor Sudoeste, Vila União, Jardim Europa, Parque Anhanguera I, Jardim Atlântico, Faiçalville, Cachoeira Dourada, Jardim Presidente, Jardim América (dois postos policiais militares) e Setor Andréia Cristina. Igualmente, o programa se estendeu por toda a Capital e região metropolitana. A parceria com a comunidade chegou a tal ponto que os moradores das regiões e os dirigentes das associações de bairros se reuniam periodicamente com os comandantes e com as autoridades policiais para projetarem em conjunto as principais operações policiais. O envolvimento com a comunidade era tão próximo que se estabeleceu uma relação de confiança, sendo que em alguns locais até a alimentação era fornecida aos policiais pela comunidade vizinha ao PPM, que ajudava também com o mobiliário e até com a aquisição de viaturas destinadas ao policiamento da área. À época, comandei a Companhia do 7° BPM no Jardim Europa, responsável pela fiscalização dos Postos Policiais Militares (PPM) nos setores Jardim Ana Lúcia, Vila Canaã, Jardim Europa, Parque Anhanguera, Vila União e outros. A localização estratégica entre os PPM garantia a presença de uma viatura nos locais de ocorrências dentro de poucos minutos, o que assegurava mais eficácia na ação policial, contribuindo para desestimular as ações dos meliantes, como assaltos, furtos a residências, furtos de veículos, entre outros. Constatamos uma queda significativa nas ocorrências de maior potencial lesivo, devido à presença constante de patrulhamentos e à interação com a comunidade, chegando a zero no decorrer da semana em alguns postos policiais. Isto é o que podemos chamar de anos dourados da Segurança Pública em Goiás, que infelizmente não teve continuidade, sendo completamente desativada nos anos seguintes. Desde então, os Postos Policiais Militares e as Creches dos Núcleos de Apoio às Comunidades (NAC) encontram-se em total abandono, sendo que alguns foram invadidos por pessoas desconhecidas.
Polícia e sociedade podem e devem se unir, para, juntos, encontrar os melhores caminhos para a Segurança Pública em nosso Estado. Com uma política de Justiça Social e valorização dos direitos da pessoa humana, todos serão beneficiados, inclusive os próprios policiais militares e civis. Sob o impacto positivo de um ambiente de trabalho mais humano, estarão mais habilitados a tratar o mais simples cidadão com toda a atenção e respeito, como se tratassem o melhor dos patrões. O tratamento que o policial dispensar a alguém ficará marcado para sempre, seja uma humilde pessoa do povo ou o mais elevado cidadão. As marcas deixadas pela forma de atender as pessoas fazem uma enorme diferença no conceito que a polícia desfruta junto à comunidade.
A Operação Legalidade foi um bom começo, contudo esperamos que seja ampliada, formando novas parcerias, atuando em conjunto com os órgãos municipais, federais e estaduais, para inibir ações criminosas, o comércio ilegal de armas e munições, os pontos de jogos de azar, a pirataria, os pontos de prostituição de menores, etc. Estamos vivendo apavorados com tanta violência e desrespeito ao ser humano. Algo precisa ser feito para que tenhamos tranquilidade aos nos dirigirmos a uma simples feira livre, por exemplo, neutralizando a ação de desocupados. Quantas vezes nos deixamos levar pela conversa mole e a malandragem de maus elementos, oportunistas que se aproveitam de nossa generosidade para nos extorquir. Por falta de estacionamento, somos pressionados por candidatos a vigia de veículos, pessoas suspeitas, sem nenhuma identificação, mal-intencionadas e mal-encaradas. Com a desculpa de ganhar uns trocados, incomodam os fregueses, que preferem fugir das feiras livres e fazer suas compras em shoppings ou em locais mais seguros.

Francisco de Assis Alencar - CEL PM R RG 4.644 PM/GO

Nenhum comentário: